Consagrado a Augusto

  • José d’Encarnação Universidad de Coimbra

Abstract

Propõe-se uma reflexão acerca do papel do poder político na gestão dos povos, a propósito da proclamação de Augusto como imperador. O entrelaçar dos poderes político, económico, militar e religioso há dois mil anos, como na actualidade. Analisa-se a conjuntura que levou Augusto a, pela força militar, assumir o poder, procurando, porém, camuflar a enorme mudança de regime político que protagonizara, inclusive tudo fazendo para que fosse considerado um continuador e não um revolucionário.A escolha do nome constitui, nesse aspecto, um sintoma deveras significativo: começa por ser imperator (chefe militar, para agradar aos soldados); depois, é Caesar, para acentuar, do ponto de vista jurídico e pela hereditariedade, a sua legitimidade; finalmente, Augustus assinala que os deuses estão com ele e que é, no fundo, um salvador. Não se assume como deus, mas deixa que o venerem como tal, favorecendo inclusive a criação de colégios sacerdotais nas províncias, colónias e municípios, para – através do seu culto – garantir fidelidade por todo o Império. Analisam-se, a documentá-lo, alguns textos epigráficos em que a ‘consagração’ é evidente.

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Come citare
d’Encarnação J. (2017). Consagrado a Augusto. Gerión. Revista de Historia Antigua, 35(Esp.), 763-771. https://doi.org/10.5209/GERI.56172