O trauma da ruptura territorial: o conflito Rússia-Ucrânia e sua gestão internacional – estratégia geopolítica e terapia diplomática
Resumo
A atual guerra russo-ucraniana é mais do que apenas um problema de fronteira ou disputa por
território, embora ambos os aspetos sejam essenciais para ela. O conflito tem raízes na ideologia e na
psicologia, bem como na história, incluindo a experiência da população da União Soviética durante a
Grande Guerra Patriótica e também a dissolução da URSS no final da Guerra Fria. Os efeitos traumáticos
desses eventos anteriores estão sendo agravados pelos danos físicos e psicológicos causados pela
invasão russa da Ucrânia. A violência contínua ali exige da comunidade internacional uma gestão cuidadosa.
Dois tipos de respostas são necessários: estratégia geopolítica, na forma de “contenção” (incluindo
a autocontenção pela Ucrânia), e terapia diplomática, expressa em contato empático no nível
de liderança e em assistência humanitária fornecida às pessoas envolvidas no conflito (incluindo os
refugiados expulsos pelo mesmo). A potencial disseminação dos combates na “Europa Oriental”, como
Halford Mackinder advertiu em 1919, poderia afetar o equilíbrio da “Ilha-Mundial” e, finalmente, do
“Mundo”. Escrevendo em 2014 na época da crise da Crimeia, Henry Kissinger, concentrando-se no que
poderia ser o resultado final do conflito Rússia-Ucrânia, poderia imaginar que o desenlace seria, em
termos políticos e territoriais, a “insatisfação equilibrada” de ambos os lados. Esse é um “fim” que uma
Rússia entrincheirada e uma Ucrânia resiliente, com ajuda da administração internacional, poderiam
alcançar.
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