Kant, filósofo da linguagem?
Resumen
Tem-se por um facto indelével que Kant não pensou a questão da linguagem, ou os seus problemas adjacentes, e que a questão não era para o grande filósofo de grande relevância. O presente ensaio propõe-se oferecer um contributo para uma opinião contrária. O objecto da nossa reflexão é a abordagem kantiana ao tópico antropológico da faculdade de designação (Bezeichnungsvermögen, Facultas Signatrix). A saber, propomo-nos abordar a oposição kantiana entre palavra e símbolo, enquanto diferentes aplicações da faculdade de designação; pensar as diferentes disposições das faculdades do ânimo por estas requeridas, e suas diferentes potencialidades de dizer o Eu no mundo; e, uma vez pensada até ao extremo a diferença entre estas, pensar a sugestão kantiana de uma possível cooperação entre palavra e símbolo, como ela tem lugar na metáfora poética.