A TV portuguesa à procura de cumprir uma promessa de participação1
Abstract
O presente artigo parte de um questionamento do que designamos a promessa de participação. Se há, de facto, um discurso recorrente sobre as novas tecnologias da comunicação e da informação, dele faz certamente parte um refrão discursivo, intensamente repetitivo, que não cessa de prometer uma acessibilidade generalizada à informação em circulação global, que comporta em si, e convoca, a possibilidade de uma nova cidadania de largo espectro social e político, promotora da realização do que autores como Pierre Lévy vêm designando como a ciberdemocracia.
Trata-se de uma promessa que, notaremos, se renova a cada nova vaga tecnologicamente induzida, tendo tomado de assalto a produção discursiva de esferas públicas tão diversas (e, ao mesmo tempo, tão intercomunicantes) como a política, a social, a económica ou a académica. Tem-nos surgido, assim, renovada nos discursos sobre a convergência dos media que inclui, concomitantemente, a formulação do que designaríamos o ecrã convergente, para o qual tenderão os ecrãs que quotidianamente utilizamos e com os quais, de algum modo, interagimos. Entre os quais se conta, obviamente, o ecrã televisivo.
A partir de um estudo teórico do ecrã televisivo e de um corpus empírico constituído a partir dos programas de canais de informação da televisão portuguesa, pretendemos indagar a verificação, ou não, dessa convergência como participação. Aquilo para que os nossos dados apontam é, contudo, uma lógica de resistência da centralidade do ecrã televisivo, que retém institucionalmente, e atrai para si, as lógicas e recursos socio-semióticos de controlo da produção da mensagem, mantendo-se fiel a um modelo de broadcasting, de sequência e fluxo centrados, tal como formulado nos anos 1970 nos trabalhos de Raymond Williams. Ainda distante da concretização da promessa da participação, este ecrã está longe de poder integrar as desejosas formulações da convergência, revelando-se, antes, como ecrã centrípeto.
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