Análise das três últimas edições do evento Faróis de Alexandria a partir de um framework para a inserção da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica

https://doi.org/10.5209/RIBE.102685; Recibido: 16/05/2025; Aceptado: 12/06/2025

Carlos-Robson Souza-da-Silva; Instituto Federal do Ceará; crobsonss@gmail.com; https://orcid.org/0000-0002-6489-3210

Experiencias profesionales; Revista de Investigación sobre Bibliotecas, Educación y Sociedad; e-ISSN: 3045-5685; Ediciones Complutense; Creative Commons CC BY 4.0

Resumo: Trata dos Faróis de Alexandria, um evento promovido no Brasil pela Biblioteca José Luciano Pimentel do Instituto Federal do Ceará, campus Cedro. Questiona-se de que maneira um evento pode colaborar para a inserção da Competência em Informação nas práticas educativas de uma IEPT tendo em vista a necessidade de que a formação profissional integral de estudantes e futuros profissionais inclua a informação como dimensão da vida no processo educativo? Desenvolve como objetivo geral deste trabalho discutir o papel de Faróis de Alexandria na inserção da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica. Tem como metodologia relatar as experiências das três últimas edições dos Faróis de Alexandria e analisá-las criticamente através de um framework voltado para a inserção da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica. Conclui que eventos como os Faróis de Alexandria visam contribuir significativamente para a formação de estudantes e futuros profissionais competentes em informação no contexto da Educação Profissional e Tecnológica.

Palavras-chave: Faróis de Alexandria; Competência em Informação; Educação Profissional e Tecnológica.

Analysis of the last three editions of the event Faróis de Alexandria based on a framework for the inclusion of Information Literacy in Vocational Education and Training

Abstract: This article deals with Faróis de Alexandria, an event promoted in Brazil by the José Luciano Pimentel Library of the Instituto Federal do Ceará, campus Cedro. It investigates how can an event contribute to the insertion of Information Literacy in the educational practices of an IEPT, considering the need for the comprehensive professional training of students and future professionals to include information as a dimension of life in the educational process? The general objective of this work is to discuss the role of Faróis de Alexandria in the insertion of Information Literacy in Vocational Education and Training. Its methodology is to report the experiences of the last three editions of the Faróis de Alexandria and to analyze them critically through a framework focused on the insertion of Information Literacy in Vocational Education and Training. It concludes that events such as Faróis de Alexandria aim to contribute significantly to the training of students/future workers information literates in the context of Vocational Education and Training.

Keywords: Faróis de Alexandria; Information Literacy; Vocational Education and Training.

Sumário: 1. Introdução. 2. O debate sobre a competência em informação na educação profissional e tecnológica no Brasil. 3. Procedimentos metodológicos. 4. Resultados e discussão. 4.1. Faróis de Alexandria: relatos de experiências. 4.1.1. IV Faróis de Alexandria: Informação no combate à anticiência (2021). 4.1.2. V Faróis de Alexandria: Apropriação crítica de um mundo mediado por plataformas (2022). 4.1.3. VI Faróis de Alexandria: A popularização da ciência em debate (2023). 4.2. Faróis de Alexandria: Análise a partir do framework para a inserção da competência em informação no âmbito da educação profissional e tecnológica de santos (2017). 4.2.1. Ideia central. 4.2.2. Marcos gerais. 4.2.3. Linhas de ação. 5. Considerações finais. 6. Agradecimentos. 7. Contribuição de Autoria. 8. Referências.

Como citar: Souza-da-Silva, Carlos-Robson. (2025). Análise das três últimas edições do evento Faróis de Alexandria a partir de um framework para a inserção da competência em informação na educação profissional e tecnológica. Revista de Investigación sobre Bibliotecas, Educación y Sociedad, 2, e102685. https://doi.org/10.5209/RIBE.102685

1. Introdução

Desde sua primeira proposição, em 1974, até os dias de hoje, a Competência em informação vem continuamente sendo considerada pela Biblioteconomia e pela Ciência da Informação como temática de extrema relevância para a sociedade contemporânea. Isso acontece porque em uma sociedade cada vez mais mediada pela informação e suas tecnologias, a educação para o acesso, a avaliação e o uso da informação tende a se evidenciar como aspecto indissociável da formação humana integral tanto daqueles que ainda frequentam a escola ou a universidade, como daqueles que têm e terão que lidar com problemas e processos informacionais em seu cotidiano e ao longo da vida.

Outro fator que faz com que o debate sobre competência em informação se mantenha vivo ao longo dos anos trata-se da versatilidade que a temática possui, podendo ela ser pesquisada sob inúmeras perspectivas e aplicada nos mais diversos contextos educacionais, formais ou informais, e até mesmo no cotidiano. Belluzzo (2017) destaca, por exemplo, que na literatura sobre a temática no Brasil é possível elencar pelo menos treze campos de pesquisa nos quais a competência em informação pode ser trabalhada, sendo eles: questões terminológicas; contextos e abordagens teóricas; políticas e estratégias; inclusão social e digital; ambiente de trabalho; cidadania e aprendizado ao longo da vida; boas práticas; gestão da informação, gestão do conhecimento e inteligência competitiva; bibliotecas, profissionais de Biblioteconomia e Arquivologia; mídias e tecnologias; diferentes grupos ou comunidades; tendências e perspectivas.

Em meio a essa diversidade de possibilidades, um campo que, no Brasil, vem recebendo bastante atenção nos últimos dez anos é o da Educação Profissional e Tecnológica. Autores como dos-Santos (2017), Souza-da-Silva (2019), dos-Santos (2021), dos-Santos-Júnior (2021), Silva (2021), Botelho (2022), Rosa (2022), Cavalcanti (2023), Moura (2023) e Pedrosa (2024) têm se debruçado sobre essa modalidade educativa buscando compreender como a Competência em Informação pode ser desenvolvida no contexto de cursos e programas de ensino voltados especificamente para a formação de pessoas trabalhadoras de nível operacional, técnico e tecnológico, principalmente diante das transformações tecnológicas e industriais de caráter informacional produzidas pelo capitalismo nas últimas cinco décadas.

Tais pesquisas utilizam quase sempre como palco de suas indagações as experiências desenvolvidas em Instituições de Educação Profissional e Tecnológica (IEPT). Um exemplo desse tipo de experiência é o caso da Biblioteca José Luciano Pimentel do campus Cedro do Instituto Federal do Ceará (IFCE), que realiza anualmente um evento chamado Faróis de Alexandria. Com o objetivo de discutir a dimensão informacional dos problemas do cotidiano, o evento busca enriquecer a formação profissional de estudantes de cursos profissionalizantes (de formação inicial, continuada, técnica de nível médio e tecnológica superior) da instituição em que está inserida e proporcionar-lhes a possibilidade de desenvolver Competência em informação para refletir sobre os fenômenos informacionais contemporâneos de maneira crítica.

Suas últimas três edições (A informação no combate à anticiência, em 2021, Apropriação crítica de um mundo mediado por plataformas, em 2022, e A popularização da ciência em debate, em 2023) foram marcadas pela discussão sobre como o novo contexto global, principalmente, mas não especificamente em decorrência da pandemia da COVID-19 e da socialização das plataformas digitais no cotidiano, vem provocando efeitos drásticos de caráter informacional sobre as relações sociais na atualidade, assim como as sobre as relações de trabalho.

Diante desse panorama, a presente pesquisa se debruça sobre a experiência dos Faróis de Alexandria, questionando: de que maneira um evento pode colaborar para a inserção da competência em informação nas práticas educativas de uma IEPT tendo em vista a necessidade de que a formação profissional integral de estudantes e futuros profissionais inclua a informação como dimensão da vida no processo educativo? A partir deste questionamento, desenvolveu-se como objetivo geral deste trabalho discutir o papel de Faróis de Alexandria na inserção da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica; e como objetivos específicos: discutir as relações entre Competência em Informação e Educação Profissional e Tecnológica a partir da literatura; relatar a experiência das três últimas edições do Faróis de Alexandria; e analisar criticamente os Faróis de Alexandria através de um framework voltado especificamente para a inserção da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica.

2. O debate sobre a competência em informação na educação profissional e tecnológica no Brasil

A Educação Profissional e Tecnológica é uma modalidade educativa historicamente associada à qualificação/requalificação para o trabalho. Essa compreensão fica evidente na Resolução CNE/CP nº 1, de 5 de janeiro de 2021, emitida pelo Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação, para qual a Educação Profissional e Tecnológica deve ser entendida como uma modalidade de ensino que

“[...] perpassa todos os níveis da educação nacional, integrada às demais modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia, organizada por eixos tecnológicos, em consonância com a estrutura sócio-ocupacional do trabalho e as exigências da formação profissional nos diferentes níveis de desenvolvimento, observadas as leis e normas vigentes” (Brasil, 2021, p. 1).

Para efetivar tal definição, a Educação Profissional e Tecnológica se materializa no Brasil por meio da oferta de cursos de formação inicial e continuada (ou qualificação profissional), de educação técnica de nível médio e de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação (incluindo mestrados e doutorados profissionais). A multiplicidade de suas formas de oferta e sua estreita relação com o mundo e a estrutura sócio-ocupacional do trabalho, aponta para o fato de que a “[...] consolidação da EPT [Educação Profissional e Tecnológica] exige um olhar multi e pluridisciplinar” (Cavalcanti, 2023, p. 50). Tendo em vista os avanços tecnológicos do tipo informacional evidenciados nos últimos anos, esse olhar multi e pluridisciplinar deve tornar “[...] urgente pensar em estratégias informacionais que corroborem com a formação do estudante do Ensino Técnico [e da Educação Profissional e Tecnológica como um todo] apto aos desafios do mundo do trabalho e a sua vida em sociedade” (Cavalcanti, 2023, p. 51).

Diante dessa realidade, pode-se concordar com dos-Santos (2021) que uma das formas de trabalhar a informação no contexto da Educação Profissional e Tecnológica é por meio da integração da Competência em Informação aos currículos dos cursos de qualificação profissional, técnica e tecnológica, uma vez que a Competência em Informação “[...] fornece subsídios para que os indivíduos possam [se] integrar [ao] mundo por meio de informações relevantes e consigam interagir com o universo informacional, com o intuito de compreender a sociedade sendo cidadãos críticos que possam modificar a realidade em que vivem” (dos-Santos, 2021, p. 40).

Rosa (2022) acrescenta ainda que a inserção da informação na formação dos estudantes ligados a cursos e programas de Educação Profissional e Tecnológica deve se dar sob a perspectiva da pesquisa como princípio educativo e do currículo integrado (ou seja, de um currículo que contemple todas as dimensões da vida e não apenas a profissionalização dos estudantes), entendendo-os como vitais no processo educativo, atualmente permeado por informação. Souza-da-Silva (2019), por sua vez, ressalta também a importância de tomar o trabalho (tanto como produção da vida, quanto como categoria econômica) como princípio educativo na proposição de ações de inserção da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica. Já Pedrosa (2024) vai além e aponta que ao incluir a Competência em Informação, a Educação Profissional e Tecnológica pode estar se direcionando rumo à criação de currículos em que o acesso, a avaliação e o uso da informação não são meros subprodutos da instrução técnica ou mesmo propedêutica, mas parte indissociável da formação integral dos estudantes e futuros profissionais.

Nesse sentido, a inclusão da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica é essencial para transformar o estudante em processo de formação para o trabalho em um sujeito “[...] capaz de se preparar para o mundo do trabalho, consciente do poder que o conhecimento pode proporcionar no desenvolvimento pessoal e social” (Botelho, 2022, p. 184). Moura (2023, p. 204) enfatiza ainda o fato de que o trabalho do profissional da informação, e mais especificamente de quem atua como bibliotecária ou bibliotecário, dentro da IEPT, é essencial, pois tal profissional pode atuar como fator chave na introdução da Competência em Informação nos currículos e contribuir para a “[...] capacitação dos jovens por meio do letramento informacional, ajudando-os a discernir entre informações confiáveis e aquelas que não são”.

Dessa forma, pode-se concluir que a Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica trata-se de um recorte dos estudos sobre educação para a informação que tem como objetivo promover e integrar o ensino-aprendizagem informacional no currículo de cursos de qualificação/requalificação profissional, de cursos técnicos de nível médio, de cursos tecnológicos de nível superior e de cursos e programas de pós-graduação profissional (aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado) de maneira a formar pessoas qualificadas para buscar com desenvoltura, avaliar com criticidade e utilizar com ética e responsabilidade fontes, tecnologias e bens informacionais para a reflexão crítica, a tomada de decisão e a resolução de problemas na escola/universidade/instituição de educação profissional e tecnológica, no trabalho e ao longo da vida.

Sua realização pode se dar por meio da aplicação de frameworks, modelos e propostas de cursos que foram desenvolvidos com o objetivo de colaborar nos processos de estruturação, planejamento e execução de ações de Competência em Informação voltadas para estudantes em processo de formação para o trabalho. Por exemplo, dos-Santos (2017) desenvolveu o “Quadro Conceitual de Inter-relação entre as ‘Sete Faces da Competência em Informação’ e os ‘Padrões e Indicadores de Competência em Informação’ com adaptações às características e princípios da Educação Profissional e Tecnológica” e o “Framework para a inserção da Competência em Informação em nível institucional, ensino e aprendizagem no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica”.

Já dos-Santos-Júnior (2021) e Silva (2021) desenvolveram respectivamente um curso on-line com o título Noções básicas para a utilização da informação na Educação Profissional e Tecnológica - EPT e um guia de Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica: como criar um programa de educação em informação, propiciando meios para que profissionais da informação possam realizar ações de Competência em Informação efetivas no contexto da Educação Profissional e Tecnológica.

No presente trabalho, o framework de dos-Santos (2017) é considerado indispensável, pois possibilita compreender se as experiências concretas de Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica realizadas por meio dos Faróis de Alexandria condizem efetivamente com a busca por uma formação profissional que inclua a informação como categoria indissociável de sua formação integral.

3. Procedimentos metodológicos

O presente artigo é resultado de uma pesquisa básica, do tipo exploratória e de abordagem qualitativa. Tal pesquisa debruçou-se sobre o evento Faróis de Alexandria, organizado pela Biblioteca José Luciano Pimentel do Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Cedro, no Brasil. Os resultados da pesquisa estão divididos em duas etapas: a primeira, trata-se de um relato de experiência das últimas três edições do evento; já a segunda, trata-se da análise descritiva do evento de acordo com o framework para a inserção da Competência em Informação no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica de dos-Santos (2017).

O framework para a inserção da Competência em Informação no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica de dos-Santos (2017) é um instrumento teórico-metodológico cujo objetivo é “[...] delinear norteadores que possam ser utilizados para conduzir a compreensão, inserção, implantação e avaliação da CoInfo [Competência em Informação] ao nível da EPT (Educação Profissional e Tecnológica] em três contextos: institucional, ensino e aprendizagem” (dos-Santos, 2017, p. 247).

Cada nível (institucional, ensino e aprendizagem) é composto de uma ideia central, de marcos gerais e de linhas de ação, que em sua totalidade funcionam como quadros (frameworks) ou lentes capazes de orientar o projeto de integração da Competência em Informação à Educação Profissional e Tecnológica. Segundo dos-Santos (2017), a ideia central “[...] consiste em uma contextualização de cenários e de conceitos referente ao nível, os marcos gerais [...] traçam um conjunto de disposições didáticas para operacionalização da ideia central e as linhas de ação [...] levam à aplicação dos marcos gerais” (dos-Santos, 2017, p. 248).

No presente trabalho, a análise restringiu seu foco ao nível de aprendizagem. A escolha por não incluir o nível institucional e de ensino, se deu pelo fato de que o objetivo de pesquisa esteve estritamente voltado para a ação Faróis de Alexandria no contexto de uma IEPT, mas sem a pretensão de encontrar nessa IEPT políticas institucionalizadas de Competência em Informação. Tal decisão não impede, porém que em momento oportuno, a análise do evento possa incluir esses outros dois níveis.

No Quadro 1 abaixo, é possível, portanto, ver um recorte adaptado do framework de dos-Santos (2017), evidenciando o nível de ensino:

Quadro 1. Nível de Aprendizagem do Framework de Inserção da Coinfo na EPT. Fonte: adaptado de dos-Santos (2017)

FRAMEWORK: NÍVEL DE APRENDIZAGEM
Ideia central
Contextualização de cenários e de conceitos
  • Deve-se considerar que o paradigma científico, tecnológico e social tem feito com que as atividades de trabalho, baseadas por conhecimentos teóricos e práticos profissionais, solicitam dos indivíduos competências intelectuais associadas ao raciocínio lógico, à solução de problemas, à interpretação de dados e à sondagem de informações coerentes para a compreensão do contexto e intervenção da realidade. Assim sendo, a aprendizagem dos discentes deve estar baseada a partir da concepção do uso prático e estratégico das informações à consecução de suas práticas de trabalho.
Marcos gerais
Conjunto de disposições didáticas para a operacionalização da ideia central
  • Mapear e desenvolver as competências dos discentes a partir da utilização do Quadro Conceitual de Inter-relação entre as “Sete Faces da Competência em Informação” e os “Padrões e Indicadores de Competência em Informação” com adaptações às características e princípios da Educação Profissional e Tecnológica.
  • Criar espaços de aprendizagem que retratem a prática de trabalho para a CoInfo ser utilizada como elemento para a resolução de problemas e tomadas de decisões.
  • Fazer com os discentes compreendam a natureza social do ecossistema de informação (a informação em suas diversas vertentes e aplicabilidades)
  • Fazer com que os discentes compreendam as características do mundo da informação, levando em consideração a quantidade exorbitante de informações e fontes disponíveis e a abrangência de suas formas de acesso.
  • Conscientizar os discentes sobre o papel ético e responsável que possuem na criação de novos conhecimentos no que tange à dinâmica do mundo da informação e do trabalho.
  • Desenvolver/aprimorar de forma articulada as competências de acesso, busca, recuperação, avaliação, comunicação, compartilhamento e uso inteligente, responsável e ético da informação nos discentes.
  • Desenvolver o pensamento crítico, a autonomia intelectual, o aprender a aprender e a aprendizagem permanente nos discentes a partir de uma concepção que os tornem conscientes sobre seu fazer e agir, fazendo-os reconhecer sobre seu “eu profissional” na importância de sua função em um contexto complexo de atividades laborais.
  • Elaborar currículos e adotar práticas didáticas, de forma transversal, que possam assegurar aos discentes a internalização de competências laborais relevantes que acentuem o exercício da subsistência com dignidade, autorrespeito e reconhecimento social como seres produtivos.
Linhas de ação
Aplicação dos marcos gerais
  • Os bibliotecários, docentes, coordenadores de curso e equipe gestora devem estruturar atividades de conscientização sobre a potencialidade do uso prático da informação em ambientes de trabalho.
  • Elaborar atividades integradas que permeiam competências da CoInfo às competências requeridas pelo mundo do trabalho em um ambiente que retrate práticas reais de trabalho.

Para tornar mais fácil a análise do evento Faróis de Alexandria por meio do framework de dos-Santos (2017) decidiu-se adaptá-lo outra vez, agora no formato de checklist. O checklist do Framework do Nível de Aprendizagem do Faróis de Alexandria, encontra-se no Quadro 2:

Quadro 2. Checklist do Nível de Ensino do Framework de Inserção da Coinfo na EPT. Fonte: adaptado de dos-Santos (2017)

Checklist Framework - Nível de Aprendizagem
Ideia Central
1 Contextualização de cenários e conceitos
a) Considerou-se na proposição do evento que o paradigma científico, tecnológico e social tem feito com que as atividades de trabalho, baseadas por conhecimentos teóricos e práticos profissionais, solicitam das pessoas competências intelectuais associadas ao raciocínio lógico, à solução de problemas, à interpretação de dados e à sondagem de informações coerentes para a compreensão do contexto e intervenção da realidade. Assim sendo, a aprendizagem dos discentes deve estar baseada a partir da concepção do uso prático e estratégico das informações à consecução de suas práticas de trabalho?
Marcos gerais
2 Conjunto de disposições didáticas para operacionalização da ideia central
a) O evento buscou mapear e desenvolver as competências dos discentes a partir da utilização do Quadro Conceitual de Inter-relação entre as “Sete Faces da Competência em Informação” e os “Padrões e Indicadores de Competência em Informação” com adaptações às características e princípios da Educação Profissional e Tecnológica?
b) O evento buscou criar espaços de aprendizagem que retratassem a prática de trabalho para a CoInfo ser utilizada como elemento para a resolução de problemas e tomadas de decisões?
c) O evento buscou fazer com os discentes compreendessem a natureza social do ecossistema de informação (a informação em suas diversas vertentes e aplicabilidades)?
d) O evento fez com que os discentes compreendessem as características do mundo da informação, levando em consideração a quantidade exorbitante de informações e fontes disponíveis e a abrangência de suas formas de acesso?
e) O evento buscou conscientizar os discentes sobre o papel ético e responsável que possuem na criação de novos conhecimentos no que tange à dinâmica do mundo da informação e do trabalho?
f) O evento buscou desenvolver/aprimorar de forma articulada as competências de acesso, busca, recuperação, avaliação, comunicação, compartilhamento e uso inteligente, responsável e ético da informação nos discentes?
g) O evento buscou desenvolver o pensamento crítico, a autonomia intelectual, o aprender a aprender e a aprendizagem permanente nos discentes a partir de uma concepção que os tornem conscientes sobre seu fazer e agir, fazendo-os reconhecer sobre seu “eu profissional” na importância de sua função em um contexto complexo de atividades laborais?
h) O evento buscou elaborar currículos e adotar práticas didáticas, de forma transversal, que possam assegurar aos discentes a internalização de competências laborais relevantes que acentuem o exercício da subsistência com dignidade, auto-respeito e reconhecimento social como seres produtivos?
Linhas de ação
3 Aplicação dos marcos gerais
a) Para realização do evento, os profissionais da biblioteca, docentes, coordenação de curso e equipe gestora estruturaram atividades de conscientização sobre a potencialidade do uso prático da informação em ambientes de trabalho?
b) Para realização do evento, buscou-se elaborar atividades integradas que permeassem competências da CoInfo às competências requeridas pelo mundo do trabalho em um ambiente que retratasse práticas reais de trabalho?

Os dados analisados são provenientes da própria pessoa pesquisadora e profissional, que produziu a presente pesquisa e que gere a produção do evento desde sua primeira realização em 2017.

4. Resultados e discussão

Nas subseções a seguir, apresentam-se os resultados da presente pesquisa em duas etapas: relatos de experiência e análise do evento de acordo com o framework para a inserção da Competência em Informação no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica de dos-Santos (2017).

4.1. Faróis de Alexandria: relatos de experiências

O Faróis de Alexandria é um evento criado em 2017 com o objetivo de socializar o conceito de Competência em Informação no contexto do IFCE, campus Cedro. O evento é baseado no documento Faróis da Sociedade da Informação: Declaração de Alexandria sobre Competência em Informação e Aprendizado ao Longo da Vida (UNESCO; NFIL; IFLA, 2005). Suas atividades são divididas em quatro eixos, sendo eles: “Educação”, “Saúde”, “Cidadania” e “Desenvolvimento Econômico”. Dependendo da temática abordada um ou mais do que um desses eixos podem se tornar central, mas sempre todos são devidamente discutidos.

As três primeiras edições foram realizadas durante os anos de 2017 (Informação, Ciência e Cultura na Biblioteca), 2018 (Competência em Informação na Educação Profissional) e 2019 (Desafios informacionais em tempos de pós-verdade) (Figura 1). Inicialmente o evento se estendia por toda uma semana, com a oferta de oficinas e rodas de conversa, porém, atualmente os Faróis de Alexandria são realizados apenas no formato de jornadas de rodas de conversa.

Cartazes das três primeiras edições do evento Faróis de Alexandria

Figura 1. Cartazes das três primeiras edições do evento Faróis de Alexandria. Fonte: adaptado de Instituto Federal do Ceará (2025)

Também desde 2021 até o presente momento o escopo do evento foi ampliado da socialização da Competência em Informação para o debate sobre questões sociais da atualidade sob uma perspectiva informacional, visando possibilitar uma experiência pedagógica crítica aos estudantes aos quais se dirige.

Como já afirmado anteriormente, o evento Faróis de Alexandria já havia sendo produzido desde 2017, com três edições realizadas até o momento de isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19 a partir de 2020. O presente artigo enfocou-se nas edições realizadas a partir do período pandêmico, sendo seus títulos os seguintes: Informação no combate à anticiência (2020), Apropriação crítica de um mundo mediado por plataformas (2021) e A popularização da ciência em debate (2022).

4.1.1. IV Faróis de Alexandria: Informação no combate à anticiência (2021)

A construção da ideia do IV Faróis de Alexandria se deu em meio à sucessivas ondas de COVID-19 que se espalhavam pelo Brasil e o mundo e que vinham acompanhadas da intensificação de fenômenos como a desinformação, a infodemia e as fake news, fenômenos esses que estavam causando pânico geral entre a população, ao mesmo tempo em que gerava uma sensação de desconfiança em relação às instituições e aos meios de comunicação.

Tendo em vista essa questão, tomou-se como mote central do evento o lema Informação no combate à anticiência. A ideia seria mostrar como o diálogo e a informação embasada poderiam colaborar na superação de comportamentos irracionais diante do cenário pandêmico, principalmente em relação às quatro áreas fundamentais do evento (“Saúde”, “Educação”, “Desenvolvimento Econômico e Cidadania”).

Realizou-se, nesse ano, cinco rodas de conversa, mediados pelo Google Meet e destinadas a estudantes do IFCE, campus Cedro e a pessoas da comunidade. Os temas trabalhados foram: “Informação no combate à anticiência”, “Notícias falsas e verdadeiras sobre os impactos negativos das medidas restritivas e de isolamento na economia”, “Ações coordenadas baseadas em evidências como estratégias de redução do espalhamento da COVID-19”, “Mídia, desinformação e o aumento dos casos de racismos contra pessoas asiáticas durante a pandemia” e “Conectividade, novas tecnologias e outros desafios para a permanência e o êxito em tempos de ensino remoto emergencial” (Figura 2).

Cartaz e Programação do IV Faróis de Alexandria

Figura 2. Cartaz e Programação do IV Faróis de Alexandria. Fonte: Instituto Federal do Ceará (2025)

Como se vê, eram temas muito debatidos na época e que demonstravam que os problemas enfrentados durante a pandemia eram sociais e políticos, mas também marcadamente informacionais. Cada roda de conversa era mediada por uma pessoa especialista (bibliotecária, economista, enfermeira, militante do movimento asiático e formadora de professores, respectivamente) e tinha como objetivos quebrar o senso comum, mostrar que a academia estava preocupada com o que estava acontecendo na sociedade e que ela buscava apresentar meios de superação baseados na realidade concreta e nos avanços científicos e não em desinformação e teorias conspiratórias.

4.1.2. V Faróis de Alexandria: Apropriação crítica de um mundo mediado por plataformas (2022)

A quinta edição dos Faróis de Alexandria, diferentemente da anterior, veio a ser realizada em um período em que ainda não havia sido declarado oficialmente o fim da pandemia de COVID-19, mas que seria marcado pela reabertura progressiva das instituições educativas e o retorno da sociedade em geral para a chamada “normalidade”.

Essa nova “normalidade” foi o mote principal para a definição do tema da edição de 2022 do evento. Isso porque a pandemia e o isolamento social acabaram por intensificar a necessidade e o uso das plataformas digitais como instrumentos de comunicação, de entretenimento e até mesmo de trabalho. Era necessário, portanto, trazer uma discussão mais aprofundada sobre essa realidade, sendo o tema escolhido Apropriação crítica de um mundo mediado por plataformas (Figura 3).

Cartaz e Programação do V Faróis de Alexandria

Figura 3. Cartaz e Programação do V Faróis de Alexandria. Fonte: Instituto Federal do Ceará (2025)

O evento foi realizado em dois dias. No primeiro, foram tratados os temas “Competência em informação como possibilidade de apropriação crítica de um mundo mediado por plataformas” e “Deve ter na internet: a busca incessante por informação condensada e os dilemas atuais que o envolvem o processo de ensino e aprendizagem”. Já no segundo dia, discutiu-se “A vida na palma da mão: é possível acompanhar nossa rotina diária através de aplicativos de saúde?” e “Recebi no zap: a importância de lidar com o bombardeio de informações em tempos delicados”. A roda de conversa “Vamos de uber: como aplicativos de entrega tem mudado a lógica das relações trabalhistas nos últimos anos” não pode ser realizada devido a problemas de agenda do mediador convidado.

Para debater as temáticas, convidou-se como especialistas um bibliotecário (abertura), uma professora (roda de conversa 1), uma enfermeira (roda de conversa 2), um advogado (roda de conversa 3) e um representante do curso de Geografia (roda de conversa 4). Destaca-se ainda que para essa edição decidiu-se por criar chamadas e títulos que fossem mais lúdicos, de maneira a atrair o novo público que estava se formando no campus, constituído por pessoas de idades diversas, desde aqueles que estão cursando o ensino médio integrado ao ensino técnico até jovens e adultos que cursam o ensino superior ou a Educação de Jovens e Adultos.

Ao final de cada roda de conversa, os alunos puderam estabelecer relações críticas sobre como as plataformas digitais e aplicativos poderiam estar colaborando ou não para a construção de uma vida cotidiana completamente mediada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação e propor alternativas para essa situação com base no acesso, avaliação e uso crítico da informação.

4.1.3. VI Faróis de Alexandria: A popularização da ciência em debate (2023)

Em 2023, os Faróis de Alexandria voltaram a tratar da Ciência como tópico central, agora com o tema “A popularização da ciência em debate”. A proposta seria discutir como, após a pandemia de COVID-19, deveriam ser envidados esforços para que a população pudesse se apropriar dos conhecimentos científicos e até mesmo fazer parte da produção de tais conhecimentos.

A partir desse mote, discutiu-se nesse ano temáticas como “Popularização da cultura como popularização do conhecimento”, “A importância do SUS na socialização de avanços científicos sobre a prevenção e o tratamento de ISTs para a juventude”, “O futuro do trabalho ante o avanço da inteligência artificial e do capitalismo de plataformas” e a “A luta pela popularização da ciência e a necessidade de letramento para dela se apropriar” (Figura 4). Os especialistas convidados para mediar tais rodas de conversa eram respectivamente: um artista, uma enfermeira e sua equipe de estagiários técnicos em enfermagem, um professor e um bibliotecário.

Cartaz e Programação do VI Faróis de Alexandria

Figura 4. Cartaz e Programação do VI Faróis de Alexandria. Fonte: Instituto Federal do Ceará (2025)

Como se pode ver nos temas propostos para o evento, o que estava se buscando discutir era até que ponto os produtos gerados no seio das instituições acadêmicas realmente estavam fazendo parte do cotidiano dos sujeitos na sociedade e se tais produtos favoreciam ou não os interesses populares. Além disso, pôs-se em xeque a hierarquização de conhecimentos e advogou-se a necessidade de que a Competência em Informação fosse tomada como requisito indispensável para que todas as pessoas pudessem se apropriar dos conhecimentos científicos historicamente desenvolvidos e lutar pela sua popularização.

4.2. Faróis de Alexandria: análise a partir do framework para a inserção da Competência em Informação no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica de dos-Santos (2017)

Apresentadas as três últimas edições dos Faróis de Alexandria, pode-se realizar a sua análise descritiva tendo como base o Nível Aprendizagem do Framework para a inserção da Competência em Informação no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica de dos-Santos (2017).

4.2.1. Ideia central

Tendo em vista que a ideia central está atrelada à contextualização de cenários e conceitos, acredita-se que o Faróis de Alexandria atende a esse requisito por ser fundamentado no conceito de Competência em Informação e por ser um evento atento aos problemas em evidência nos anos de sua realização. Exemplo disso são os temas centrais debatidos no evento (combate à anticiência, o debate sobre presença exacerbada de plataformas na vida cotidiana e a luta pela popularização da ciência). Tais temas estavam diretamente relacionadas aos problemas informacionais nascidos ou evidenciados com o surgimento da pandemia.

Consequentemente, as rodas de conversa foram propostas considerando que o novo paradigma científico, tecnológico e social em formação durante e após a pandemia causaram efeitos críticos sobre todas as dimensões da vida, tornando assim essencial que as pessoas desenvolvessem competências intelectuais associadas ao raciocínio lógico, à solução de problemas, à interpretação de dados e à sondagem de informações de maneira a poderem compreender e intervir na realidade em que estão inseridos.

Cabe destacar, porém, que, diferente do determinado pelo framework, o evento buscou ir além do uso prático da informação. Na verdade, as três últimas edições dos Faróis de Alexandria buscaram trazer à roda a necessidade de se compreender criticamente como os processos sociais geram os problemas informacionais da atualidade, ao mesmo tempo em que objetivavam tornar o público-alvo capaz de se apropriar das informações que compõem esses problemas e de delas se utilizar criticamente para os solucionar.

Dessa forma, o evento quis mostrar que era necessário que as pessoas em formação profissional, antes, durante e depois desse momento atípico do mundo, soubessem mobilizar competências e pensar criticamente a informação para poder lidar com um mundo do trabalho cada vez mais informatizado, informacionalizado, informalizado e precário.

4.2.2. Marcos gerais

Em relação aos marcos gerais, ou seja, ao conjunto de disposições didáticas necessárias para a operacionalização da ideia central, é importante informar que o “marco geral a)” não pôde ser alcançado, pois não se mapeou previamente a Competência em Informação das pessoas participantes das atividades do evento nem mesmo as atividades do evento se basearam no “Quadro Conceitual de Inter-relação entre as ‘Sete Faces da Competência em Informação’ e os ‘Padrões e Indicadores de Competência em Informação’ com adaptações às características e princípios da Educação Profissional e Tecnológica”. Como afirmado anteriormente, o evento se baseia no documento Faróis da Sociedade da Informação: Declaração de Alexandria sobre Competência em Informação e Aprendizado ao longo da vida.

Por outro lado, o evento cumpriu o disposto nos marcos gerais b) e c), uma vez que buscou criar espaços de aprendizagem que retratassem a Competência em Informação como elemento-chave para a resolução de problemas e tomada de decisões e em consequência disso propiciou momentos de conversa que fizessem com que as pessoas discentes compreendessem a natureza social do ecossistema de informação, tendo em vista seu aspecto marcadamente influenciado pela pandemia e pelos anos seguintes de reabertura.

Rodas de conversa como “Notícias falsas e verdadeiras sobre os impactos negativos das medidas restritivas e de isolamento na economia”, “‘Recebi no zap!’: a importância de saber lidar com o bombardeio de informações em tempos delicados” e “O futuro do trabalho ante o avanço da inteligência artificial e do capitalismo de plataformas” buscaram responder de forma afirmativa os marcos gerais d) e e). Pode-se chegar a essa conclusão principalmente a partir do fato de que essas rodas de conversa foram desenvolvidas tanto com o objetivo de fazer com que as pessoas discentes compreendessem as características do mundo da informação (levando em consideração a quantidade exorbitante de informações e fontes disponíveis e a abrangência de suas formas de acesso) como com o objetivo de promover a conscientização as pessoas discentes sobre o papel ético e responsável que elas próprias possuem na criação de novos conhecimentos no que tange à dinâmica do mundo da informação e do trabalho.

Já em relação ao marco geral f), é possível que o evento não tenha se empenhado no desenvolvimento específico de todas as competências elencadas, mas ainda assim esteve focado em produzir reflexões críticas sobre o uso inteligente, responsável e ético da informação pelas pessoas discentes. Sob essa perspectiva, as três edições estudadas atenderam em sua integralidade ao marco geral g), pois as rodas de conversa tinham como objetivo proporcionar o desenvolvimento do pensamento crítico, a autonomia intelectual, o aprender a aprender e a aprendizagem permanente nas pessoas discentes no que está relacionado ao mundo da informação, incluindo, no que fosse possível, os efeitos desse mundo de informação na formação da identidade profissional das pessoas.

Por fim, devido ao seu foco maior na reflexão, no pensamento crítico e na discussão sobre a importância da Competência em Informação na perspectiva da formação humana integral das pessoas estudantes vinculadas à IEPT na qual está inserida, é possível afirmar que o marco geral h) também foi atendido pelo evento. Nesse sentido, os Faróis de Alexandria podem ser considerados como práticas didáticas que, de forma transversal, asseguram às pessoas discentes a internalização de competências laborais relevantes que acentuem o exercício da subsistência com dignidade, autorrespeito e reconhecimento social como sujeitos produtivos.

4.2.3. Linhas de ação

Para encerrar a análise, cabe destacar que pelo estabelecido como aplicação dos marcos gerais no Nível Aprendizagem do Framework de dos-Santos (2017), os Faróis de Alexandria atendem satisfatoriamente tanto à linha de ação a) como à linha de ação b). Tal conclusão se dá pelo fato de que apesar de os Faróis de Alexandria se enfocarem em uma perspectiva mais reflexiva e crítica na análise das dinâmicas sociais que geram as questões informacionais da contemporaneidade, isso não impede que as discussões geradas em meio às rodas de conversa promovidas durante o evento possam vir a surtir efeitos na vida das pessoas discentes, de maneira que possam conscientizar-se sobre a potencialidade do uso prático da informação, inclusive em situações que refletem e/ou constituem práticas reais de trabalho.

5. Considerações finais

As três últimas edições dos Faróis de Alexandria buscaram evidenciar o quão importante é trazer para o contexto da formação profissional a discussão sobre a dimensão informacional das questões sociais da contemporaneidade. Além disso, tanto o relato de experiência como a análise a partir do framework de dos-Santos (2017) apontaram para o fato de que o evento pode ser considerado como uma prática educativa que colabora para a inserção da Competência em Informação na Educação Profissional e Tecnológica.

Também fica claro que ao escolher como temas centrais o combate à anticiência, o mundo mediado por plataformas e a popularização da ciência, o evento busca continuamente se atualizar diante das dinâmicas informacionais da sociedade, propiciando às pessoas estudantes a possibilidade de se depararem com os desafios informacionais trazidos à tona nos últimos anos, devido principalmente à pandemia de COVID-19, e poder encontrar caminhos informacionais alternativos para lidar esses desafios e até mesmo superá-los.

Conclui-se, portanto, que eventos como os Faróis de Alexandria apontam para a necessidade de se pensar a formação profissional no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica como uma formação voltada também para educação para a informação e, mais especificamente, para a Competência em Informação, de maneira que as pessoas competentes em informação possam agir de forma crítica para lidar com os problemas informacionais reais da contemporaneidade na escola/universidade/IEPT, no trabalho e ao longo da vida. Recomenda-se assim que mais eventos como os Faróis de Alexandria possam ser realizados no contexto da Educação Profissional e Tecnológica, visando contribuir significativamente para a formação de pessoas competentes em informação.

6. Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

7. Contribuição de Autoria

Carlos-Robson Souza-da-Silva: Conceitualização; Curadoria de dados; Aquisição de financiamento; Investigação; Metodologia; Administração do projeto; Validação; Visualização; Redação - rascunho inicial e Redação - revisão e edição.

8. Referências